As emoções são a maneira que a nossa história tem de se comunicar conosco. Elas são tão valiosas quanto a comunicação entre os seres humanos, ou mais, visto que é a comunicação do ser humano consigo mesmo.
15 de setembro de 2020As emoções são a maneira que a nossa história tem de se comunicar conosco. Elas são tão valiosas quanto a comunicação entre os seres humanos, ou mais, visto que é a comunicação do ser humano consigo mesmo.
Antes de saber se existe ou não emoção ruim, precisamos entender por que as emoções existem no ser humano e para que elas servem.
Quando nascemos, somos limitados em recursos para lidar com o mundo. Isso nos torna vulneráveis ao ambiente, ficamos em uma posição de completa dependência de nossos pais para atender todas as necessidades, como saciar nossa fome ou sede e resolver sensações de calor, frio, dor e saudade. E, naturalmente, por mais que as pessoas ao nosso redor busquem atender tais necessidades, infelizmente muitas delas não são sanadas ou acabam sendo resolvidas de maneira incompleta. E isso gera dor.
Por mais que os responsáveis por garantir nossa sobrevivência busquem fazer de tudo para cuidar de nosso desenvolvimento com atenção, acolhimento e congruência, não está sob poder deles nos proteger da interpretação que temos em relação ao que acontece à nossa volta. Pois, da mesma forma que somos limitados em conseguir cuidar de nós mesmos na infância, a nossa capacidade de discernimento nos primeiros meses de vida também é extremamente ilógica e pautada em sentimentos, o que pode nos levar a interpretações equivocadas do mundo.
Essa interpretação de não atendimento de nossas necessidades passa a gerar uma angústia infantil, o que chamamos de ferida emocional, e é aí que as emoções aparecem. Elas são mecanismos de defesa para nos proteger de sermos feridos novamente. Sem as emoções, ficaríamos completamente vulneráveis e seríamos machucados diversas vezes a ponto de adoecermos psicologicamente.
Então, quando olhamos para as emoções, precisamos compreender que elas são as nossas melhores aliadas desde nossa infância, pois elas literalmente nos protegeram de sermos feridos novamente.
Um exemplo prático para entender essa defesa é olhar para uma criança que, na infância, interpretou o meio à sua volta com uma sensação de traição. Ela não sabia se podia confiar nas pessoas que estavam cuidando dela e precisava encontrar uma maneira de verificar se poderia confiar ou não em alguém. Para resolver essa sensação de traição, a criança começa a adotar a emoção do medo como defesa, mantendo sempre um pé atrás com as pessoas e testando as relações para ver se elas responderiam de maneira congruente. A criança passou a ser mais vigilante e observadora com as pessoas para verificar possíveis discrepâncias de comportamento que poderiam anunciar uma possível nova traição.
O medo começa a assumir o comando do comportamento dessa criança como uma maneira de antecipar possíveis traições, e o mundo à sua volta passa a ser visto com desconfiança. A criança cresce e torna-se um adolescente inseguro que não sabe se pode sequer confiar em si mesmo, porque às vezes ele mesmo sente que não consegue atingir o que havia imaginando de sua performance. Já que suas ideias nem sempre são as melhores, é mais interessante não correr o risco de se expor.
É melhor também não dizer muito o que pensa ou o que sente, pois dessa forma se protege de ser traído nas relações. E quando entra em relações na fase adulta, fica buscando provas de que o amor que recebe é mesmo confiável, genuíno e profundo. E principalmente se a pessoa que está ao seu lado é alguém que não representa uma ameaça. Em sua carreira, pode ter dificuldade de delegar funções, por receio de as pessoas não entregarem conforme combinado, passando a desenvolver controles para checar se as pessoas realmente fizeram o que era combinado. E a vida segue cheia de desconfianças, preocupações, apegos, inseguranças e ansiedade.
Mas a vida também segue com capacidade de fazer planejamentos, avaliações de risco, prudência, cautela, validação de dados, comprometimento, lealdade com as pessoas de seu círculo e profunda conexão com os valores de grupo. Cada passo dado é calculado, fazendo com que suas escolhas sejam mais seguras e palpáveis. Tudo isso se reverbera em um zelo profundo com quem ama, seja família ou amigos, e uma carreira construída com solidez.
Todo esse comportamento, tanto positivo quanto negativo, manifesta-se como uma defesa da ferida emocional gerada na infância. Ou seja, o medo foi o recurso para esta criança LITERALMENTE não se sentir traída novamente.
Acolher as emoções que se apresentam em nosso comportamento e entender o que elas querem nos comunicar é o caminho para se libertar dos comportamentos negativos que elas podem gerar; mas, sem consciência destas emoções, não conseguimos compreender o que nossa criança interior está sentindo e do que ela está tentando nos proteger.
Mesmo quando estamos tristes ou com raiva, desvalorizando-nos, criticando-nos ou fugindo de nós mesmos, tudo isso tem muito valor se APRENDERMOS A DAR OUVIDOS A ESTAS EMOÇÕES, compreendendo o que elas querem nos mostrar.
Quando compreendemos nosso mecanismo de defesa emocional e qual é nossa ferida, podemos amadurecer a maneira como lidamos com ela e abrimos a possibilidade de explorar o potencial de nossas emoções com DIRECIONAMENTO EMOCIONAL, ao invés de sermos reféns de suas escolhas. Afinal, as emoções nos trazem RECURSOS comportamentais, tanto positivos quanto negativos, e o que leva nossas emoções a se manifestarem de maneira mais produtiva e saudável é o AUTOCONHECIMENTO.
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