Sabe por que é tão difícil tomar uma decisão? Porque, ao escolher um caminho, inevitavelmente outro fica para trás. Uma parte de nós fica presa a essa realidade que poderia ter acontecido, mas que não aconteceu. Uma parte de nós fica sonhando com finais alternativos, em que nossa vida é completamente diferente. E é muito comum que esses pensamentos venham no meio da noite: você está deitado de costas na cama, com os olhos abertos na escuridão, pensando que rumo as coisas teriam tomado se você, dez anos atrás, tivesse dito “sim” ao invés de “não” naquela fatídica terça-feira chuvosa. Cada vez que optamos por algo, somos obrigados a renunciar a outra opção. E aí vem o medo de ter tomado o caminho errado, como se nunca mais fosse possível trocar a rota.
Decidir também implica em assumir as consequências dessa decisão. O interessante é que, se essas consequências são positivas, a tendência é que as recebamos de bom grado, enquanto os resultados negativos nos tiram o sono – mesmo quando eles habitam apenas a nossa imaginação. Para fugir da dor dessas consequências e para fugir do medo de ter escolhido a pior opção, você se convence de que está tudo bem do jeito que está. Que você consegue suportar a rotina massacrante na qual vive. Que você até talvez seja feliz… Para fugir da dor, você não decide. Você procrastina porque está com medo e acaba deixando coisas inacabadas para trás. Sonhos pela metade. E algumas frustrações também.
É normal ter medo do desconhecido, até porque ele pode ser imprevisível. Lembra quando você era criança e acordou assustado porque achou que havia uma pessoa no seu quarto, mas na verdade era só uma cadeira cheia de roupas? Nossa imaginação é fértil – e é ainda mais criativa quando não damos uma conclusão aos acontecimentos. Ficar em cima do muro e não decidir é um prato cheio para a ansiedade. Mas se é tão normal sentir medo do futuro, deve haver uma utilidade para isso, não é? Não gastaríamos tanta energia de vida à toa?! O medo é útil na medida em que nos ajuda a encontrar a solução mais segura, no meio de tantas opções, para realizarmos nossos objetivos. Quando nos paralisa, o medo nos atrapalha.
Lembra daquela outra vez, quando você estava com medo de reprovar na escola, e se dedicou a estudar a matéria com afinco até sanar todas as suas dúvidas? Aqui o medo agiu como alavanca e o ajudou a alcançar o seu objetivo.
A emoção era a mesma: o mesmo medo que nos faz fantasiar sobre os monstros no quarto é o medo que nos ajuda a ir bem na prova. Mas tudo parte de uma decisão. Decidir, ao mesmo tempo em que representa um corte na nossa vida (já que algo sempre fica para trás), é a mola propulsora que nos leva um pouco mais perto da vida que estamos querendo viver.
E uma grande decisão, como casar ou trocar de emprego, geralmente envolve grandes consequências. A vida não será mais a mesma depois que duas famílias se unirem – ou se separarem -, mas é preciso decidir. A indecisão é asfixiante. Decidir é o que dá ritmo à vida. É o que nos faz pulsar. Em 2021, tire seus planos da gaveta e decida viver uma vida mais cheia de energia, vontade e ânimo. Até quando você vai deixar que as outras pessoas façam isso por você?
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